Arrefecer o "consenso científico" com o aquecimento do Árctico durante a Idade Média

Quando se fala de «alterações climáticas», um dos mitos mais difundidos é o de que existe um «consenso científico em torno da responsabilidade do ser humano no aquecimento global». Quase sempre, esta frase é acompanhada por um número mágico: «97% a 98% dos cientistas consideram que o ser humano é o principal responsável pelo aquecimento global». Mesmo que tal consenso existisse, isso não quereria dizer grande coisa. Já se registaram grandes revoluções em vários campos da ciência, em que teorias instituídas foram parcial ou totalmente substituídas por novas teorias. Mas a verdade é que esse consenso não existe. Um estudo publicado em 2013, no qual foram analisados cerca de 120 000 resumos de artigos editados em publicações cientificas com revisão por pares (peer-review) entre 1991 e 2011 com as palavras-chave "alterações climáticas" ou "aquecimento global", concluiu que dois terços (66,4%) dos artigos não continuam qualquer tomada de posição quanto à responsabilidade do ser humano no "aquecimento global". Só apagando todos estes artigos da equação os autores conseguiram chegar, convenientemente, ao valor de 97,1% para a percentagem de cientistas que consideram as "alterações climáticas" como resultado da acção humana. O que não surpreende, conhecendo a enorme pressão em torno da comunidade científica para que se assumam essas conclusões.

(a) Total de resumos classificados como «apoio», «rejeição» ou «sem posição». Repare-se no grande crescimento do número de artigos sem posição após 2006; (b) Percentagem de resumos por classificação. Repare-se na progressiva diminuição de artigos que apoiarm o aquecimento global antropogénico.

Ainda assim, vão surgindo regularmente artigos que contrariam directa ou indirectamente o suposto consenso científico em torno das «alterações climáticas». Na semana passada foi publicado na revista Global and Planetary Change o artigo «A 70-80 year peridiocity identified from tree ring temperatures AD 550 – 1980 in Northern Scandinavia», da autoria de investigadores finlandeses do Instituto de Meteorologia da Finlândia e da Universidade de Helsínquia, que reconstrói as temperaturas da Fennoscandia do Norte (no Círculo Polar Árctico) nos últimos 1600 anos e chega à conclusão que o Árctico era mais quente durante no chamado Período Quente Medieval do que na actualidade. Curiosamente, nenhuma das palavras-chave do artigo (Paleoclimate; Scandinavia; tree-ring temperatures; Torneträsk data; volcanic cooling; oceanic oscillations) é «aquecimento global» ou «alterações climáticas», logo este artigo não teria sido contabilizado em estudos como o anterior. O que é uma pena, visto dedicar-se precisamente a um tema que os cientistas adeptos das teorias do aquecimento global antropogénico tendem a desvalorizar: o Período Quente Medieval.

O Período Quente Medieval foi um período, entre os séculos IX e X, em que as regiões do Atlântico Norte sofreram um aumento geral da temperatura. Alguns estudos indicam que o fenómeno foi global. Este aumento de temperatura é suportado tanto por registos históricos como por dados científicos. Admite-se que as temperaturas do Período Quente Medieval criaram condições favoráveis à expansão dos povos escandinavos, o que levou à criação de colónias na Islândia, na Gronelândia e até na América do Norte. Colónias que foram abandonadas quando surgiu em 1200 a chamada Pequena Idade do Gelo. Da mesma forma, há registos de que durante o Período Quente Medieval zonas da Escócia e da Noruega se tornaram produtoras de vinho. No entanto, de acordo com as teorias do aquecimento global antropogénico, numa era como a Idade Média sem indústria responsável por emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa, não há razões para se verificar um aumento de temperatura tão significativo como este. Razão que leva os cientistas do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC) a varrer o Período Quente Medieval para baixo do tapete.

Eppur si muove! Através do estudo de anéis de 65 árvores do período entre 441-1980 d.C., os investigadores finlandeses fizeram uma reconstituição das temperaturas de Torneträsk em várias escalas temporais e os resultados a que chegaram confirmam a existência de um Período Quente Medieval. Quanto às causas que levaram a estas variações de temperatura, dependendo da escala estudada, são identificados diversos factores, como episódios vulcânicos que se pensa terem afectado o transporte de calor no Atlântico Norte, ou oscilações naturais cíclicas da temperatura dos oceanos, que podem estar ligadas a variações na cobertura de gelo do Árctico. De qualquer forma, é possível identificar na reconstituição final a existência de um Período Quente Medieval com temperaturas superiores às que hoje se registam no Árctico.

Reconstrução da temperatura na região do Árctico apresenta o Período Quente Medieval com temperaturas superiores às actuais.

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