Precipitação anual em Portugal e as alterações climáticas


Outra afirmação recorrente sobre os efeitos das alterações climáticas em Portugal diz que se regista no nosso país uma tendência de diminuição da precipitação. Isso mesmo foi previsto pelos relatórios do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC) e confirmado pelo grande evangelista português das teorias do "aquecimento global" e das "alterações climáticas", o Prof. Filipe Duarte Santos, que em 2005 escreveu o seguinte:
«Haverá alterações na precipitação com variações espaciais significativas; maior precipitação nas latitudes elevadas e nas regiões equatoriais e menor precipitação nas latitudes médias, em particular na região mediterrânica e do Sul da Europa, onde Portugal se situa. Haverá ainda uma maior frequência de fenómenos climáticos extremos, por exemplo, episódios de precipitação intensa concentrada em intervalos de tempo curtos e períodos de seca»
Será que existe alguma base científica para estas afirmações? Quanto ao aumento de episódios de precipitação intensa em intervalos de tempo curtos, numa dissertação de mestrado apresentada no final de 2008, uma aluna de Engenharia Civil do Instituto Superior Técnico realizou uma análise de tendências em séries de precipitação diária máxima anual, na qual foram analisados dados de precipitação máxima anual referentes a um grande número de estações espalhadas pelo país. Segundo a autora:
«[N]o conjunto das amostras analisadas de precipitações diárias máximas anuais e de precipitações excepcionais, não foi possível identificar inequivocamente tendências ou padrões globais de variação daquelas precipitações que indicassem ou que contradissessem os efeitos atribuídos à alteração climática no âmbito em estudo».
Já relativamente aos valores de precipitação média, em 2000 três investigadores do Instituto do Mar - Centro Interdisciplinar de Coimbra analisaram séries temporais de precipitação correspondentes a nove estações distribuídas pelo país, abrangendo todo o século XX, com o objectivo de identificar tendências nos valores de precipitação média anual em Portugal.
«Em relação à precipitação anual, não foi observada qualquer tendência com significância estatística (pelo menos para um nível de confiança de 90%)».
A conclusão é confirmada pela própria Agência Portuguesa do Ambiente, que na sua página disponibiliza a seguinte informação:
«No Continente, e no que se refere à precipitação, a evolução observada apresenta grande irregularidade e não se verificam tendências significativas no valor médio anual. Contudo, nas últimas décadas observou-se uma importante redução na precipitação do mês de Março, em todo o território».
Tendo em conta os elementos disponíveis e os registos de precipitação existentes, não é possível identificar qualquer tendência relativamente à precipitação anual no nosso país. Ou seja, afirmar que no futuro haverá uma diminuição ou um aumento da precipitação em Portugal é entrar no domínio da astrologia.

95% dos modelos climáticos estão de acordo: as observações devem estar erradas

aqui falámos da afirmação recorrente e enganosa segundo a qual «97% a 98% dos cientistas consideram que o ser humano é o principal responsável pelo aquecimento global». Hoje trazemos um gráfico publicado pelo Prof. Roy Spencer, que compara as previsões de 90 modelos climáticos com as temperaturas médias globais observadas à superfície da Terra desde 1983. A conclusão é que mais de 95% dos modelos sobrestimaram as variações de temperatura registadas, quer se usem dados HadCRUT4 (conjunto de dados produzido por uma parceria entre o Met Office britânico e a Universidade de East Anglia) ou dados recolhidos por satélite pela UAH (Universidade do Alabama em Huntsville) para a troposfera inferior. Quererá isto dizer que as previsões dos modelos climáticos estão certas e as observações é estão erradas? Quanto vale o tal «consenso científico» quando os dados contrariam as previsões?


"Mais de 95% dos modelos climáticos estão de acordo: as observações devem estar erradas" (drroyspencer.com).

Embora as quantidades de dióxido de carbono (CO2) emitidas para a atmosfera continuem a aumentar, os resultados da maior parte dos modelos climáticos estão a falhar em toda a linha. Ou seja, a influência antropogénica no clima pode não ser tão grande como se pensava. Nas palavras do Prof. Roy Spencer, «sejam ou não os humanos a causa de 100% do aquecimento observado, a conclusão é que o aquecimento global não é tão grave como foi previsto. Isso deveria ter implicações políticas significativas... assumindo que as decisões políticas ainda se baseiam mais em factos do que em emoções e aspirações».

Henrique Monteiro e a chatice do aquecimento global

O artigo de Henrique Monteiro da última quinta-feira, dia 6 de Fevereiro, passou relativamente despercebido, mas não é todos os dias que um colunista de um órgão de comunicação social de referência como o Expresso quebra o consenso mediático em torno das teorias do "aquecimento global". O tempo está a mudar.

A chatice do aquecimento global
Henrique Monteiro

Costumo dizer, por piada, que o aquecimento global está avariado. Não é que conteste que tem havido nos últimos tempos um aquecimento global, apenas tenho dúvidas se ele é provocado pela ação do homem, nomeadamente pela expedição de CO2.
Eu sei que o tema é polémico, e que eu gosto de me meter por terrenos em que é fácil rebater, tendo em conta o calor das discussões que provoca. Mas, pronto, vou meter-me por mais uma polémica que tende a aquecer mais do que o clima.
Mas primeiro, uma declaração: eu sou a favor de um ambiente limpo. Ainda que isso nada tivesse a ver com o clima, um ambiente limpo é melhor e mais saudável do que um ambiente poluído. Mas esta é outra discussão.
O IPCC (International Panel for Climate Changes) da ONU já mudou a retórica de "aquecimento global" para "mudanças climáticas". Parece-me bem. Porque mudanças climáticas sempre houve e vai haver (muitos cientistas acham que isso se deve primordialmente aos ciclos solares) enquanto o aquecimento global está por provar, nomeadamente neste século XXI.
O mesmo se pode dizer da escassez de petróleo. Desde que sou jornalista que o petróleo está a acabar, não dura 10 anos... e cada vez há mais. Entretanto fizeram-se grandes negócios com as energias alternativas e uma pessoa normal não consegue ler o recibo da EDP.
Não sei o suficiente sobre o assunto para defender uma ou outra posição, mas parece-me que as alternativas ao petróleo não são erradas, tanto mais que Portugal pode entrar nesse jogo, ao contrário do que se passa com o petróleo que manifestamente não tem. Mas isto é uma coisa, outra é o jogo do medo que se tem feito.
Pessoas não ligadas à Meteorologia ou à História desconhecem que houve, historicamente, alterações climáticas brutais e repentinas, sem que houvesse indústria, sem que houvesse sequer homens. O mesmo se pode dizer da extinção das espécies (de que ouvimos sempre dizer que milhares estão em risco, embora, aparentemente, essa seja uma lei da vida e sempre assim tenha sido).
O que está em causa, pois, do meu - já confesso - estranho, descentrado e politicamente incorreto ponto de vista é que o homem tem de estar no centro de tudo. Primeiro achou que era a terra o centro do universo, depois o Sol, depois a Galáxia, depois entendeu que era necessário oxigénio para haver vida... por fim entendeu que está a dar cabo do planeta, como se o planeta não tivesse 'vivido' milhões de anos sem homem. O bicho homem, quando muito, estará a dar cabo das suas condições de sobrevivência. Mas eu nem isso penso.
Continuo a ver estes alertas como extensões do malthusianismo que alertava para o fim dos alimentos quando fôssemos cerca de ¼ da população que somos hoje. Ou como formas de conseguir fundos para negócios e investigações que até podem fazer sentido, mas que recorrem à Comunicação Social como conforto e suporte para as suas teses.
Há quem diga (um professor da Universidade de São Paulo, que pode ser visto aqui ) que tudo isto é mentira e propalado por quem estava ligado aos modelos de guerra termonuclear dos tempos da guerra fria. É uma teoria da conspiração, mas a do IPCC também pouco mais é do que isso. Com o que homem não consegue viver é com esta ideia simples: na maioria das coisas verdadeiramente importantes (incluindo a Economia e as Ciências duras) somos ainda muito primitivos e ignorantes. (Vejam o que o professor da USP diz sobre o que os romanos já discutiam sobre os aquedutos).
É por isso que a tese do aquecimento global se está a tornar uma chatice para quem pôs demasiado calor na sua defesa.

O mistério do "aquecimento global" desaparecido


Onde está o "aquecimento global"?

A “pausa” no aquecimento global é cada vez mais encarada como uma realidade. No último dia 21 de Janeiro, a agência espacial norte-americana (NASA) e a administração oceânica e atmosférica nacional (NOAA) organizaram uma conferência de imprensa conjunta para apresentar os dados de temperatura da superfície da Terra em 2013 e reconheceram a existência de uma “pausa” no aquecimento global, que já se verifica desde 1997.

De acordo com as conclusões apresentadas, na última década as variações de temperatura não foram estatisticamente significativas. “Temos analisado os dados em diferentes âmbitos e [esta “pausa”] parece estar parcialmente associada a uma variabilidade interna do sistema”, declarou Gavin Schmidt, climatologista do Instituto Goddard de Estudos Espaciais da NASA. A apresentação da NASA e da NOAA mostra, “em resumo, a continuação da «pausa» na temperatura global superficial que, de acordo com algumas estimativas, teve início em 1997”, escreve o britânico David Whitehouse, doutorado em Astrofísica e editor do “The Global Warming Policy Foundation”, um think-thank dedicado à análise e debate de questões relacionadas com as “alterações climáticas”. “Considerando que o [Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC)] estimava uma subida média da temperatura global de 0,2ºC, o mundo está agora 0,3ºC mais frio do que devia”, rematou Whitehouse.

Mas essa não foi a única conclusão apresentada na conferência de imprensa. No que diz respeito às coberturas geladas do Árctico e da Antárctica, que os modelos dos cientistas do IPCC diziam estar em processo acelerado e irreversível de fusão, contribuindo para um aumento do nível médio do mar que iria submergir as zonas costeiras de todo mundo, os resultados são bastante diferentes das previsões. De acordo com os dados disponibilizados pela NASA, através do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo (NSIDC), depois do Árctico ter perdido quase um milhão de quilómetros quadrados de gelo entre 2003 e 2007 (cerca de dez vezes a área de Portugal), nos últimos anos têm-se verificado uma estabilização da cobertura gelada. O ano de 2013 foi até de acentuada recuperação, com a área de gelo do Árctico a atingir níveis equivalentes aos de 2005. Quanto à área gelada da Antárctida, desde que se iniciaram as medições por satélite em 1979 a cobertura de gelo do Pólo Sul tem aumentado de forma consistente e significativa. Uma tendência que atingiu o pico em 2013 e promete não parar por aqui. Nas últimas semanas, têm sido batidos todos os registos máximos existentes da cobertura de gelo da Antárctida. No último dia 23 de Janeiro, a cobertura gelada da Antárctida era 1,2 milhões de quilómetros quadrados superior à média registada para este dia entre 1981 e 2010.

A existência de uma “pausa” no aquecimento global já foi assumida por entidades como a NASA e o IPCC. Explicar esta ocorrência é o desafio do momento. A revista “Nature” chama ao “hiato” o maior mistério das ciências do clima. O problema tem intrigado a comunidade científica, que tem tentado fornecer explicações para o calor desaparecido, já que o comportamento do clima tem contrariado todas as previsões que o IPCC realizou nas últimas décadas. Até porque as emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa continuaram a aumentar no mesmo período. Alguns estudos apontam como motivos para a estabilização das temperaturas a redução da actividade do sol, o aumento das partículas lançadas para atmosfera por vulcões ou a contribuição da poluição atmosférica. Por outro lado, há uma justificação que tem ganho cada vez mais adeptos entre a comunidade científica e que remete a responsabilidade para os oceanos.

No entanto, a peça chave para resolver o 'puzzle' do “hiato” no aumento das temperaturas pode contribuir para deitar por terra as teorias do “aquecimento global” antropogénico. Muitos investigadores acreditam que a resolução do enigma da “pausa” do aquecimento global pode passar pela variação da circulação dos oceanos, conhecida como “Pacifical Decadal Oscillation” (PDO), no caso do Oceano Pacífico.
Índice de "Pacific Decadal Oscillation" (PDO) segundo observações desde 1900.

Índice de "Pacific Decadal Oscillation" (PDO) e variação de temperatura (Fisheries and Oceans Canada).
Ciclos positivos do PDO coincidem com aumentos de temperatura.

O PDO é no fundo um padrão baseado num conjunto de parâmetros que estão associados a variações cíclicas nas temperaturas superficiais do oceano pacífico. Segundo os especialistas, podem identificar-se duas fases — uma quente (ou positiva) e outra fria (ou negativa) —, registando inversões de fase a cada 25 ou 30 anos. Na sua fase positiva, o PDO está associado a um aumento da temperatura dos oceanos que contribui para o aquecimento da atmosfera. Após algumas décadas de libertação de energia, o ciclo inverte-se e inicia-se uma fase negativa, que traz águas mais frias das profundezas dos oceanos e contribui para o arrefecimento do planeta. Este mecanismo foi descoberto em 1997, mas só recentemente começou a ser estudado de forma mais aprofundada. Segundo Don J. Easterbrook, do Departamento de Geologia da Western Washington University, desde que existem registos directos de temperatura é possível identificar “dois períodos quentes do PDO (1915-1945 e 1978-1998) e três períodos frios (1880-1915, 1945-1977, 1999-2014)”. “Se a fase negativa do PDO iniciada em 1999 persistir, o clima global arrefecerá nas próximas décadas”, afirma Easterbrook. A contribuição do PDO e da circulação dos oceanos para a variação global das temperaturas globais tem levado a cada vez mais pesquisas. No ano passado, dois investigadores da Universidade da Califórnia, Shang-Ping Xie e Yu Kosaka, investigaram a influência das variações de temperatura da superfície do mar nas últimas décadas na região Este do Pacífico no resto do globo. O modelo criado não só recriou o “hiato” no aumento da temperatura, mas reproduziu também algumas tendências sazonais e regionais que marcaram este período. Poderão as variações de temperatura da Terra estar mais relacionadas com os padrões de circulação dos oceanos do que com a emissão de gases de efeito de estufa? O debate está só a começar.
Artigo publicado na edição de 28 de Janeiro de 2014 do semanário «O Diabo».

Arrefecer o "consenso científico" com o aquecimento do Árctico durante a Idade Média

Quando se fala de «alterações climáticas», um dos mitos mais difundidos é o de que existe um «consenso científico em torno da responsabilidade do ser humano no aquecimento global». Quase sempre, esta frase é acompanhada por um número mágico: «97% a 98% dos cientistas consideram que o ser humano é o principal responsável pelo aquecimento global». Mesmo que tal consenso existisse, isso não quereria dizer grande coisa. Já se registaram grandes revoluções em vários campos da ciência, em que teorias instituídas foram parcial ou totalmente substituídas por novas teorias. Mas a verdade é que esse consenso não existe. Um estudo publicado em 2013, no qual foram analisados cerca de 120 000 resumos de artigos editados em publicações cientificas com revisão por pares (peer-review) entre 1991 e 2011 com as palavras-chave "alterações climáticas" ou "aquecimento global", concluiu que dois terços (66,4%) dos artigos não continuam qualquer tomada de posição quanto à responsabilidade do ser humano no "aquecimento global". Só apagando todos estes artigos da equação os autores conseguiram chegar, convenientemente, ao valor de 97,1% para a percentagem de cientistas que consideram as "alterações climáticas" como resultado da acção humana. O que não surpreende, conhecendo a enorme pressão em torno da comunidade científica para que se assumam essas conclusões.

(a) Total de resumos classificados como «apoio», «rejeição» ou «sem posição». Repare-se no grande crescimento do número de artigos sem posição após 2006; (b) Percentagem de resumos por classificação. Repare-se na progressiva diminuição de artigos que apoiarm o aquecimento global antropogénico.

Ainda assim, vão surgindo regularmente artigos que contrariam directa ou indirectamente o suposto consenso científico em torno das «alterações climáticas». Na semana passada foi publicado na revista Global and Planetary Change o artigo «A 70-80 year peridiocity identified from tree ring temperatures AD 550 – 1980 in Northern Scandinavia», da autoria de investigadores finlandeses do Instituto de Meteorologia da Finlândia e da Universidade de Helsínquia, que reconstrói as temperaturas da Fennoscandia do Norte (no Círculo Polar Árctico) nos últimos 1600 anos e chega à conclusão que o Árctico era mais quente durante no chamado Período Quente Medieval do que na actualidade. Curiosamente, nenhuma das palavras-chave do artigo (Paleoclimate; Scandinavia; tree-ring temperatures; Torneträsk data; volcanic cooling; oceanic oscillations) é «aquecimento global» ou «alterações climáticas», logo este artigo não teria sido contabilizado em estudos como o anterior. O que é uma pena, visto dedicar-se precisamente a um tema que os cientistas adeptos das teorias do aquecimento global antropogénico tendem a desvalorizar: o Período Quente Medieval.

O Período Quente Medieval foi um período, entre os séculos IX e X, em que as regiões do Atlântico Norte sofreram um aumento geral da temperatura. Alguns estudos indicam que o fenómeno foi global. Este aumento de temperatura é suportado tanto por registos históricos como por dados científicos. Admite-se que as temperaturas do Período Quente Medieval criaram condições favoráveis à expansão dos povos escandinavos, o que levou à criação de colónias na Islândia, na Gronelândia e até na América do Norte. Colónias que foram abandonadas quando surgiu em 1200 a chamada Pequena Idade do Gelo. Da mesma forma, há registos de que durante o Período Quente Medieval zonas da Escócia e da Noruega se tornaram produtoras de vinho. No entanto, de acordo com as teorias do aquecimento global antropogénico, numa era como a Idade Média sem indústria responsável por emissões de dióxido de carbono e outros gases de efeito de estufa, não há razões para se verificar um aumento de temperatura tão significativo como este. Razão que leva os cientistas do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas (IPCC) a varrer o Período Quente Medieval para baixo do tapete.

Eppur si muove! Através do estudo de anéis de 65 árvores do período entre 441-1980 d.C., os investigadores finlandeses fizeram uma reconstituição das temperaturas de Torneträsk em várias escalas temporais e os resultados a que chegaram confirmam a existência de um Período Quente Medieval. Quanto às causas que levaram a estas variações de temperatura, dependendo da escala estudada, são identificados diversos factores, como episódios vulcânicos que se pensa terem afectado o transporte de calor no Atlântico Norte, ou oscilações naturais cíclicas da temperatura dos oceanos, que podem estar ligadas a variações na cobertura de gelo do Árctico. De qualquer forma, é possível identificar na reconstituição final a existência de um Período Quente Medieval com temperaturas superiores às que hoje se registam no Árctico.

Reconstrução da temperatura na região do Árctico apresenta o Período Quente Medieval com temperaturas superiores às actuais.

Área de gelo na Antárctida continua a bater recordes

Entretanto, no Pólo Sul continuam a bater-se recordes. No último dia 24 de Janeiro bateu-se pela sétima vez em 2014 o recorde diário da área de gelo da Antárctida. Este ano promete ser excepcional, continuando a contrariar os resultados dos modelos do Painel Intergovernamental das Nações Unidas para as Alterações Climáticas que prometiam a fusão do gelo do Pólo Sul. Desde 1979, quando se iniciaram as medições por satélite, nunca se registou maior área de gelo na Antárctida.

Valor diário da área gelada da Antárctida (via Sunshine Hours).

Agitação marítima em Portugal: os "eventos extremos" estão a tornar-se mais frequentes?

É uma pena que em Portugal, ao contrário do que se passa nos EUA e em outros países da Europa, a quantidade de dados meteorológicos e climatéricos disponibilizados livremente na internet seja tão reduzida. Por exemplo, o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), que representava uma excelente fonte de dados para diversas finalidades, encontra-se praticamente inutilizável, já que «a manutenção das estações de monitorização automáticas está suspensa desde meados de Março de 2010». Como tal, a própria página avisa que «os dados não são totalmente fiáveis».

Quanto às bóias ondógrafo mantidas pelo Instituto Hidrográfico (IH), embora alguma informação esteja disponível em linha, o volume de dados a que é possível ter acesso é bastante limitado. Ainda assim, é possível visualizar dados de agitação marítima relativos à última década.

Agitação marítima registada pela bóia ondógrafo de Sines (IH).

Agitação marítima registada pela bóia ondógrafo de Faro (IH).

Apesar de o período temporal em análise não ser muito representativo, não é possível identificar qualquer tendência nos gráficos anteriores, tanto para os valores de altura máxima como de altura significativa (correspondente à média do terço superior das alturas de onda). O que reforça a ideia de que, ao contrário do que é repetido pela generalidade da imprensa e certos sectores científicos, no que diz respeito à agitação marítima os eventos extremos não têm vindo a tornar-se mais frequentes. Se os danos provocados por tempestades na costa portuguesa se têm avolumado, isso tem mais a ver com deficiente planeamento e ordenamento do território do que propriamente com alterações climáticas.

NASA e NOAA confirmam que a "pausa" no aquecimento global continua

Numa conferência de imprensa conjunta realizada no último dia 21 de Janeiro, a a NASA apresentaram dados relativos à temperatura da superfície da Terra em 2013. Uma das conclusões reveladas é a continuação da "pausa" no aquecimento global, que se iniciou em 1997. Ao longo deste período a variação das temperaturas globais não é estatisticamente significativa. De acordo com uma tabela com os dez anos mais quentes em relação à média registada entre 1880 e 2013, há apenas 0,09ºC a separar os dez anos mais quentes.


Segundo o The Global Warming Policy Foundation, quando questionados sobre a "pausa", os cientistas Gavin Schmidt da NASA e Thomas Karl da NOAA falaram da contribuição de vulcões, poluição, diminuição da actividade solar e variabilidade natural. «Por outras palavras, não sabem» a que se deve esta interrupção.

Do vórtice polar ao aquecimento global: uma verdade inconveniente


Aquecimento global? Uma verdade inconveniente
Uma vaga de frio atingiu na semana passada a América do Norte, com ventos polares que provocaram frio, neve e uma redução abrupta das temperaturas para valores mínimos históricos, levando ao encerramento de escolas e ao cancelamento de milhares de voos nos Estados Unidos e Canadá. O frio polar congelou extensas áreas da América do Norte mas reacendeu a discussão em torno do “aquecimento global” e das “alterações climáticas”.
O fenómeno meteorológico pode ser explicado por uma deformação do vórtice polar, uma massa de ar frio e denso que circula normalmente pelo Árctico e que pode, por vezes, dividir-se e expandir-se para latitudes mais baixas. Há quem veja neste fenómeno uma contradição das teorias das “alterações climáticas”, mas há também quem atribua esta vaga de frio justamente ao “aquecimento global”. É o caso da revista “Time”, que no dia 6 de Janeiro publicou um artigo associando a vaga de frio à fusão do gelo do Árctico provocada pelo “aquecimento global”. Curiosamente, da última vez que ocorreu um fenómeno semelhante, em 1974, a revista “Time” anunciou o início de uma era de “arrefecimento global”. Na opinião de Cliff Harris, climatologista norte-americano e autor do blogue “Cliff Mass Weather Blog”, “estes relatos falsos já provocaram danos substanciais, com muitos americanos a acreditar que o aquecimento global está a tornar os invernos mais extremos, quando não existem evidências que o suportem. Um dia os sociólogos estudarão esta situação e os elementos psicológicos que levaram a ela”. A maior parte dos especialistas considera que a deformação do vórtice polar é um fenómeno natural e não tão invulgar quanto se possa pensar. É o caso de Will Harper, físico premiado e professor da Universidade de Princeton (EUA): “sempre existiram vórtices polares. Têm pouco a ver com a quantidade de dióxido de carbono na atmosfera”.
Ao contrário do que se possa pensar, as “alterações climáticas” não são um assunto unânime para a comunidade científica. Há quem considere que as temperaturas estão a aumentar e quem defenda que as alterações do clima estão associadas a flutuações naturais. Há quem ache que as alterações climáticas se devem à intervenção do ser humano (causas antropogénicas) e quem considere que não se devem desprezar outros factores naturais (como a variação da radiação solar ou a chamada “pacific decadal oscillation”). De qualquer forma, contrariando as projecções catastrofistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas da ONU (IPCC), tem-se assistido a uma estabilização das temperaturas médias globais desde 1998, apesar de as emissões de dióxido de carbono e de outros gases de efeito de estufa terem continuado a aumentar. As previsões mais alarmistas têm falhado em toda a linha.
A 10 de Dezembro de 2007, no discurso de aceitação do Prémio Nobel da Paz, o antigo vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore afirmou que em sete anos a cobertura gelada do Árctico “desapareceria por completo”. Não só esta previsão não se verificou como em 2013, de acordo com o “Centre for Ocean and Ice” do Instituto de Meteorologia dinamarquês, a área de gelo do Árctico atingiu valores que já não se verificavam desde 2006. No pólo Sul tem-se assistido a um fenómeno semelhante, desafiando as previsões dos cientistas ligados às teorias do “aquecimento global” antropogénico. Num artigo publicado no “Journal of Geophysical Research” em Junho de 2013, os investigadores Irina Mahlstein, Peter R. Gent e Susan Solomon apontam para um “lento aumento da cobertura gelada da Antárctica desde que as observações por satélite começaram, em 1979”. Tendência que, de acordo com os dados do “National Snow and Ice Data Center” (EUA), tem vindo a acentuar-se nos últimos anos. Numa análise ao ano de 2013, o centro afirmou que “durante um extenso período ao longo dos meses de Inverno e Primavera, a extensão de gelo na Antárctida atingiu valores nunca registados na era dos satélites modernos”.
Não deixa por isso de ser irónico que no final de 2013 uma expedição científica que tinha como objectivo estudar os impactes das “alterações climáticas” na Antárctica tenha acabado presa… num banco de gelo. Apesar de a página da “Australasian Antarctic Expedition 2013-2014” na internet mencionar claramente que o objectivo da expedição passava por “documentar e comunicar as mudanças que estão a ocorrer” na Antárctida, a maior parte da imprensa ignorou estas ligações, optando por classificar os elementos da viagem como “turistas”. A verdade inconveniente é que a direcção da expedição estava a cargo de Chris Turney, professor de Alterações Climáticas na Universidade de New South Wales (Austrália) e defensor entusiástico das teorias do “aquecimento global” antropogénico. Da mesma forma, a viagem contou com enviados da BBC e do “The Guardian”, meios de comunicação particularmente empenhados na difusão das teorias do “aquecimento global” antropogénico. Em pleno Verão do Pólo Sul, após mais de uma semana retidos no navio russo “MV Akademik Shokalskiy”, os elementos da expedição acabaram por ser resgatados de helicóptero.
Artigo publicado na edição de 14 de Janeiro de 2014 do semanário «O Diabo».

Área de gelo da Antárctida bate recorde

Área gelada da Antárctida a 15 de Janeiro de 2014 (NOAA/NSIDC).

O dia de ontem, 15 de Janeiro de 2014, marca o primeiro recorde da área gelada da Antárctida do ano. De acordo com dados do National Snow and Ice Data Center, que monitoriza em tempo real a extensão de gelo dos do Árctico e da Antárctida, desde que se iniciaram as medições por satélite em 1979 nunca se registou maior área de gelo na Antárctida a 15 de Janeiro. O recorde anterior datava de 2008 e foi superado em 26.500 km2. Ao contrário do que anunciam os profetas da desgraça, há cada vez mais gelo em redor da Antárctida.

Valor diário da área gelada da Antárctida (via Sunshine Hours).